O destino da viagem era Dublin, na Irlanda. Tinha um encontro especial com minha filha, Alice, por quem fui apresentada a cidade, compreendendo inicialmente sobre as línguas oficiais: inglês e gaélico. O que já sabia é que é um lugar repleto de lendas, história, com céu cinzento e frio.
Quis primeiramente saber sobre
a origem do nome Dublin, pois sempre explica muito sobre cada povo. Foi fundada pelos vikings
e significa Black Pool, ou seja, Piscina Negra, derivada da
confluência do Rio Poddle e do Rio Liffey, que formam um lago de águas escuras,
onde hoje é o jardim do Dublin Castle.
Rio Liffey
Dublin Castle
História 1:
Michael Collins conhecido como “Leão da Irlanda”, por ter liderado a
guerra do IRA contra o domínio britânico, fundou a República da Irlanda
em 1921. Teve a posse do Castelo em 1922. Durante a cerimônia de posse,
ocorreu o seguinte diálogo, bem à moda irlandesa:
“Você se atrasou em 7 minutos
Sr. Collins”. Ele respondeu: “Estamos esperando há 700 anos, você pode esperar
7 minutos”.
Dublin Castle
História 2
Este lustre é decorado com
rosas, trevos e cardos (uma flor branca muito singela), representando a
Inglaterra, a Irlanda e a Escócia.
As mãos que me guiavam, naquela cidade
encantada, conduziram-me para observar a arquitetura “georgeana". O termo arquitetônico ‘Georgiana’ refere-se
aos reinos dos Monarcas George. Este estilo teve seu auge, entre 1730 – 1800, a era de ouro na
história da Arquitetura Britânica.
Muito iguais umas às outras, semelhantes às casas de bonecas, zelosamente cuidadas, com as cortinas quase sempre semi-abertas.
"Cada casa tem a porta de uma cor diferente”,
ouvi atentamente. O que deixa tudo muito charmoso em minha opinião.
História 3:
Quando o príncipe Albert faleceu, em 1861, a ordem da rainha Vitória
era que todos colocassem bandeiras pretas, nas fachadas das suas casas, em
sinal de luto. Um irlandês, revoltado com a Inglaterra, pintou as portas de
Dublin, durante a noite e, no dia seguinte, elas estavam coloridas o que passou
a ser moda em Dublin.
Molly Malone
é uma estátua que fica Grafton Street, uma rua no centro de Dublin. É
uma mulher com um carrinho, aparentemente vendendo frutas e peixes, que
representa o mais trágico período irlandês.
História 4
Ouvi e me interessei muito
pelo fato, pois explica o perfil um pouco contido e cerimonioso do irlandês. A Inglaterra dominou as terras
irlandesas, usando-as como se fosse uma grande lavoura de subsistência própria,
onde havia o cultivo essencialmente da batata. Porém, um fungo matou toda a
plantação e fez com que milhares de pessoas morressem de fome ou imigrassem
para os Estados Unidos.
Refleti sobre a crise, olhei o rio, estas esculturas e acho que entendi mais ainda a seriedade com que vivem os poucos irlandeses que coheci.
Seguindo os passos apressados
da Alice, passeamos pela Grafton Street, uma
das mais importantes ruas de Dublin, onde se encontram os artistas de rua.
Deslumbrei-me
com esta senhora tocando harpa, cujo instrumento é um dos símbolos da
cidade. Conta-se que as poesias e músicas na Irlanda tinham como fundo musical
a harpa. Imaginei tal cenário com os personagens e não pude sair dali tão
rapidamente.
O talento dessa moça mexeu com meu coração. A voz suave, a música que parecia falar sobre um lamento amoroso e o olhar tímido da artista fizeram-me ficar ali por mais alguns minutos.
Este rapaz tocava e o seu corpo juntamente com a música e também parecia contar um lamento amoroso. Queria ficar mais nesta rua. Mas, Alice me dava a mão e dizia: "Vamos ali, você gostará também!"
Saint Patrick Cathedral
A Catedral de Saint Patrick A festa anual que celebra São Patrício, um
dos padroeiros da Irlanda, é normalmente comemorado no dia 17 de Março.
As pessoas vestem-se de trajes verdes, saindo às ruas em uma longa caminhada
festiva. data de 1224.
St. Patrick foi um missionário encarregado de
converter os irlandeses ao Cristianismo no século 4º depois de Cristo. É
considerado o fundador da Igreja Católica na Irlanda.
Com certeza, havia penetrado no túnel do tempo de “Alice no País das Maravilhas”
de Lewis Carol.
Interior da Igreja
Dentro da catedral, pode ser vista também a bandeira da Irlanda. O verde simboliza os católicos, o laranja representa os protestantes do Norte e o branco faz referência à esperança de paz entre ambos.
História
5
Próximo
à Catedral, há painéis com nomes dos famosos escritores e assim, fui seduzida
pela literatura irlandesa, reconhecida mundialmente por sua qualidade, fruto da
tradição oral, que é contar histórias sobre o seu povo e a sua terra.
Autor da frase: “Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada”.
James Joyce - 1882 X 1941 - Romancista, contista e poeta irlandês, autor da obra Ulisses.
Depois da caminhada, fomos
tomar um chocolate quentíssimo.
Alice sabe o quanto aprecio a natureza e levou-me para contemplar o St. Stephen's Green, um dos parques públicos e urbanos mais antigos da Irlanda, que é também conhecida como Ilha Esmeralda pelas suas paisagens verdejantes.
Criado, em 1664, é aqui em que os habitantes se
entregam à natureza principalmente, nos raros dias, em que o sol decide
iluminar a cidade.
Continuando nosso passeio, passamos por este prédio. Dizem que tem o formato de um copo de cerveja.
Há
quase 300 anos a cerveja Guiness tem a mesma composição: malte irlandês, água de
Dublin, lúpulo
e levedura.
Os Pubs de Dublin, um capítulo à parte.
Os pubs
de Dublin são o lugar ideal pra quem quer conhecer um pouco da história da
capital, pois além de cenário há trechos célebres da literatura irlandesa, foram
locais de reunião de políticos rebeldes e palco para a estréia de muitos
músicos famosos.
Como Dublin fica divida entre
lado norte e lado sul, existem algumas pontes que conectam os dois lados da
cidade e uma das mais conhecidas é a Ha’Penny Bridge,
uma das mais belas vistas do Rio Liffey.
A ponte Samuel Beckett, criada por Santiago Calatrava, une os lados norte e sul do rio Liffey que visivelmente, tem o formato de uma gigantesca Harpa.
História 6:
Há muitas esculturas nas avenidas muito limpas e bem cuidadas. Chamou-me a atenção esta em que um senhor levantava as mãos para os céus e eu quis saber quem era.
Alice me explicou: o Sr. James Larkin, 1876 X 1947, um irlandês e líder sindical e socialista militante.
Precisava de um tempo especial
para conhecer a Trinity College.
Muitas homenagens nos jardins
A Universidade foi fundada, em 1592, pela rainha Elisabeth I e possui uma biblioteca com cerca de 200 mil obras.
História 7:
Diz a lenda que se você estuda na universidade e está esperando para receber seus resultados, você jamais deverá passar por baixo desse Campanário.
Hora de partir:
Antes, quis voltar a
alguns lugares de Dublin, que, naqueles dias, esteve coberta com um céu muito azul, para
que a despedida fosse com luz e amor. Assim, dissemos um adeus
entrecortado de verdade e abraços, com os acordes da harpa irlandesa.
Obrigada, Alice, por ter me apresentado a um país das maravilhas.