domingo, 27 de maio de 2012

Irlanda ao som da harpa




O destino da viagem era Dublin, na Irlanda. Tinha um encontro especial com minha filha, Alice, por quem fui apresentada a cidade, compreendendo inicialmente sobre as línguas oficiais: inglês e gaélico. O que já sabia é que é um lugar repleto de lendas, história, com céu cinzento e frio.


Quis primeiramente saber sobre a origem do nome Dublin, pois sempre explica muito sobre cada povo. Foi fundada pelos vikings e significa Black Pool, ou seja, Piscina Negra, derivada da confluência do Rio Poddle e do Rio Liffey, que formam um lago de águas escuras, onde hoje é o jardim do Dublin Castle.


Rio Liffey


Dublin Castle

História 1:
Michael Collins conhecido como “Leão da Irlanda”, por ter liderado a guerra do IRA contra o domínio britânico, fundou a República da Irlanda em 1921. Teve a posse do Castelo em 1922. Durante a cerimônia de posse, ocorreu o seguinte diálogo, bem à moda irlandesa:
“Você se atrasou em 7 minutos Sr. Collins”. Ele respondeu: “Estamos esperando há 700 anos, você pode esperar 7 minutos”.
                                                                  Dublin Castle
                                                         Sala no interior do castelo


História 2
A sala do trono foi construída em 1740 e dedicada ao Guilherme de Orange ao findar a batalha de Boyne. Foi um dos mais conhecidos conflitos bélicos da história da Irlanda com o Reino Unido.





Este lustre é decorado com rosas, trevos e cardos (uma flor branca muito singela), representando a Inglaterra, a Irlanda e a Escócia.
As mãos que me guiavam, naquela cidade encantada, conduziram-me para observar a arquitetura “georgeana". O termo arquitetônico ‘Georgiana’ refere-se aos reinos dos Monarcas George. Este estilo teve seu auge, entre 1730 – 1800, a era de ouro na história da Arquitetura Britânica.


Muito iguais umas às outras, semelhantes às casas de bonecas, zelosamente cuidadas, com as cortinas quase sempre semi-abertas.








"Cada casa tem a porta de uma cor diferente”, ouvi atentamente. O que deixa tudo muito charmoso em minha opinião.

História 3:

Quando o príncipe Albert faleceu, em 1861, a ordem da rainha Vitória era que todos colocassem bandeiras pretas, nas fachadas das suas casas, em sinal de luto. Um irlandês, revoltado com a Inglaterra, pintou as portas de Dublin, durante a noite e, no dia seguinte, elas estavam coloridas o que passou a ser moda em Dublin.




Molly Malone é uma estátua que fica Grafton Street, uma rua no centro de Dublin. É uma mulher com um carrinho, aparentemente vendendo frutas e peixes, que representa o mais trágico período irlandês.


História 4
Ouvi e me interessei muito pelo fato, pois explica o perfil um pouco contido e cerimonioso do irlandês. A Inglaterra dominou as terras irlandesas, usando-as como se fosse uma grande lavoura de subsistência própria, onde havia o cultivo essencialmente da batata. Porém, um fungo matou toda a plantação e fez com que milhares de pessoas morressem de fome ou imigrassem para os Estados Unidos.
 Molly Malone foi uma das mulheres que ficaram. Bonita e alegre dizem que vendia peixes no centro da cidade e que a noite vendia seu corpo na região do Porto. Malone morreu muito jovem, com uma febre alta, em 13 de junho de 1699. Não se sabe se sua história é mais uma lenda local, mas essa mulher tornou-se personagem símbolo da cidade.


Esculturas que contam a história desta fase histórica da Irlanda. É importante observar a dor expressa pelo semblante da fome.

Refleti sobre a crise, olhei o rio, estas esculturas e acho que entendi mais ainda a seriedade com que vivem os poucos irlandeses que coheci.


Seguindo os passos apressados da Alice, passeamos pela Grafton Street, uma das mais importantes ruas de Dublin, onde se encontram os artistas de rua.


Deslumbrei-me com esta senhora tocando harpa, cujo instrumento é um dos símbolos da cidade. Conta-se que as poesias e músicas na Irlanda tinham como fundo musical a harpa. Imaginei tal cenário com os personagens e não pude sair dali tão rapidamente.






O talento dessa moça mexeu com meu coração. A voz suave, a música que parecia falar sobre um lamento amoroso e o olhar tímido  da artista fizeram-me ficar ali por mais alguns minutos.



Este rapaz tocava e o seu corpo juntamente com a música e também parecia contar um lamento amoroso. Queria ficar mais nesta rua. Mas, Alice me dava a mão e dizia: "Vamos ali, você gostará também!"


                                                       Saint Patrick Cathedral
A Catedral de Saint Patrick The parish church of Saint Patrick on this site was granted collegiate status in 1191, and raised to cathedral status in 1224.data de 1224. The present building dates from 1220. A festa anual que celebra São Patrício, um dos padroeiros da Irlanda, é normalmente comemorado no dia 17 de Março. As pessoas vestem-se de trajes verdes, saindo às ruas em uma longa caminhada festiva.
St. Patrick foi um missionário encarregado de converter os irlandeses ao Cristianismo no século 4º depois de Cristo. É considerado o fundador da Igreja Católica na Irlanda.
Com certeza, havia penetrado no túnel do tempo de “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carol.


Interior da Igreja




Dentro da catedral, pode ser vista também a bandeira da Irlanda. O verde simboliza os católicos, o laranja representa os protestantes do Norte e o branco faz referência à esperança de paz entre ambos.




História 5
Há relatos de que um dos métodos de evangelização de Sain Patrick incluía o uso de um trevo de três folhas para explicar a doutrina da Santíssima Trindade aos irlandeses. Provavelmente, é por isto que no alto de cada poste há um trevo prateado.
Próximo à Catedral, há painéis com nomes dos famosos escritores e assim, fui seduzida pela literatura irlandesa, reconhecida mundialmente por sua qualidade, fruto da tradição oral, que é contar histórias sobre o seu povo e a sua terra.
                                      Oscar Wilde: 1854 X 1900 - escritor irlandês e poeta.



Autor da frase: “Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada”.

James Joyce - 1882 X 1941 - Romancista, contista e poeta irlandês, autor da obra Ulisses.

       Depois da caminhada, fomos tomar um chocolate quentíssimo.

Alice sabe o quanto aprecio a natureza e levou-me para contemplar o St. Stephen's Green, um dos parques públicos e urbanos mais antigos da Irlanda, que é também conhecida como Ilha Esmeralda pelas suas paisagens verdejantes.


Criado, em 1664, é aqui em que os habitantes se entregam à natureza principalmente, nos raros dias, em que o sol decide iluminar a cidade.  







Continuando nosso passeio, passamos por este prédio. Dizem que tem o formato de um copo de cerveja.

Conheci a Guiness com passo apressado. Não somos apreciadoras de cerveja, mas valeu conferir.

 Guinness é uma cerveja irlandesa, cuja história teve início em 1759, quando Arthur Guinness alugou uma fábrica em Dublin, na Irlanda e começou a produzir sua cerveja.

Há quase 300 anos a cerveja Guiness tem a mesma composição: malte irlandês, água de Dublin, lúpulo e levedura.



Os Pubs de Dublin, um capítulo à parte.
 Os pubs de Dublin são o lugar ideal pra quem quer conhecer um pouco da história da capital, pois além de cenário há trechos célebres da literatura irlandesa, foram locais de reunião de políticos rebeldes e palco para a estréia de muitos músicos famosos.


As pontes:

Como Dublin fica divida entre lado norte e lado sul, existem algumas pontes que conectam os dois lados da cidade e uma das mais conhecidas é a Ha’Penny Bridge, uma das mais belas vistas do Rio Liffey.



A ponte Samuel Beckett, criada por Santiago Calatrava, une os lados norte e sul do rio Liffey que visivelmente, tem o formato de uma gigantesca Harpa.



História 6:
 A harpa está sempre presente no contexto desta cidade. Contam os antigos, que um lendário herói e líder irlandês, Brian Boru, guiava o exército e ia para as batalhas sempre carregando uma harpa nas costas. 





Há muitas esculturas nas avenidas muito limpas e bem cuidadas. Chamou-me a atenção esta em que um senhor levantava as mãos para os céus e eu quis saber quem era.
Alice me explicou: o Sr. James Larkin, 1876 X 1947, um irlandês e líder sindical e socialista militante.


Precisava de um tempo especial para conhecer a Trinity College.


Muitas homenagens nos jardins


A Universidade foi fundada, em 1592, pela rainha Elisabeth I e possui uma biblioteca com cerca de 200 mil obras.



História 7:
Diz a lenda que se você estuda na universidade e está esperando para receber seus resultados, você jamais deverá passar por baixo desse Campanário.



  O Globo Dourado, é uma Escultura de Arnaldo Pomodoro que se chama “Sphere within a sphere” (a esfera dentro da esfera). Dizem que originalmente a escultura se mexia.
Hora de partir:

Antes, quis voltar a alguns lugares de Dublin, que, naqueles dias, esteve coberta com um céu muito azul, para que a despedida fosse com luz e amor. Assim, dissemos um adeus entrecortado de verdade e abraços, com os acordes da harpa irlandesa.



Obrigada, Alice, por ter me apresentado a um país das maravilhas.









domingo, 20 de maio de 2012

Rainha por um dia em Amsterdam


Era outro cenário completamente diferente do dia anterior. Não sabia se sonhava ou visualizava a realidade. As pessoas estavam visivelmente alaranjadas.



  




Perguntei para compreender o que se passava. Era o Dia da Rainha, Koninginnedag ou Queen's Day, feriado e um dos eventos mais importantes da Holanda.
Tudo neste dia é cor-de-laranja, homenagem aos “Van Oranje”, ou seja, a família real holandesa. Conta a história que a comemoração começou com a mãe da atual rainha Beatrix, a rainha Juliana, que fazia aniversário no dia 30 de abril.



Também indaguei e compreendi o que era Koninginnedag: conhecida por sua vrijmarkt nacional, um "mercado livre", em que muitos holandeses vendem os seus itens de segunda mão. É por este motivo que se podem encontrar imensas feiras, neste dia, nas extensas calçadas de uma cidade plana.






Caminhei mais um pouco e certifiquei-me de que a celebração se replicava pelas ruas, pelos canais e pelos palcos improvisados nas esquinas. Era tudo laranja e quase todos se sentindo rainha por um dia. Nunca visualizei esta possibilidade.






  
Uns poucos celebravam a festa, dentro de suas moradias, no próprio Canal Cruise.  Um senhor, em meio à festa, lia um livro cujo tema deveria ser mais interessante do que a vida real.






  
Quem seriam os proprietários das bicicletas estacionadas? Como conseguiriam encontrá-las depois da festa? Não sei realmente responder.





  



 


Era hora de partir de Amsterdam, pois meu destino era outro. Mas vi a alegria de perto com uma cor predominante. Então não precisa de várias. Uma é o suficiente. Aprendi.
 Foi assim que deixei esta cidade que coloriu meu coração carregado de outros tons mais neutros e menos exuberantes.