terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Chorei por ti, Argentina




Chegamos ao porto com navio já ancorado com as portas abertas. Não sei por que meu coração batia com desconforto. Tenho dificuldades de sair. Não sei explicar.
           Ali estava o navio imponente, senhor do Rio da Prata, com toda suntuosidade de um cruzeiro para ficar catorze dias em alto mar. A música me atraiu. Fui guiada pelos meus ouvidos. Subi ao décimo andar. Vi o rio imenso e a cidade de Buenos Aires Cara a cara com o rio. Não era um confronto. Não tenho palavras.




         Ainda com o sentimento de perda, pois tudo ficava mais longe. Sair assim, para voltar não sei quando. Gosto de fidelidade. Entrar e ficar na relação. Não dizer adeus por meio de um rio. Foi assim que deixei Buenos Aires: pensando no tango que vi na noite anterior. O ardor, o conflito que dói e machuca a alma. Mas, a dança e a luta por um amor.




A água e a terra e o navi e o me afastando cada vez mais da Argentina. Sentia o vento, o céu ainda azul e o entardecer. Todos foram cúmplices da nossa separação. Chorei por ti, Argentina. Não foi traição. Saí para ficar no rio que lhe pertence. Acredito que, no amor, há sempre tempo para voltar.



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