quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Três meses, solamente?


 Punta del Este é um sofisticado resort de turismo no Atlântico Sul. Bem ali, ao lado a Montevidéu, onde eu vi o monte. Pareceu-me à primeira vista, uma península: um braço de terra avançando para o mar. Senti duas mãos entregando-se ao Rio da Prata e ao Oceano Atlântico. Como dizer aos visitantes: “Venha comigo”. Desça do barco!



Seguindo o pedido, ainda no porto de Nossa Senhora da Candelária, avistamos praias com luxuosíssimos edifícios na orla. Pessoas de todas as idades. Crianças patinavam. Nenhum risco aparente. E vi riqueza! Nada contra. Mas busco a cumplicidade. Onde estão as mãos dadas que me esperavam? Olhei e não vi. Adentramos, mais ainda, no pequeno local grande e de luxo.



Vi um farol. Gosto da luz que brilha na água. É sempre um orientador dos navegantes. Ajuda na comunicação. Socorre diante do medo. Bom!


Olhei para trás, porque buscava comunicação. Avistamos uma paróquia. Entramos. Vimos um povo de fé. Acreditar e recolher-se trazem serenidade. Amém.





Mas o que se via mesmo era a pujança, como definiram Juan e Susana, um casal de amigos recentes. Jantamos, na mesma mesa, todos os dias no navio. Conversamos sobre o crescimento local, a economia ascendendo e os endinheirados que ficam apenas três meses de férias neste local paradisíaco.


Ouvi do próprio guia. Eles vêm três meses solamente! O que é isto? É amor de areia e água? Envolver-se apenas para celebrações de final de ano? Só viver o presente e pensar no próximo verão?



Não para mim. Gosto de solidez. E no inverno? Quem acalenta a alma de quem sente frio? E a chuva quando encharca o coração? E quando chegar o vento? Os possíveis furacões?
Um abrigo apenas para dias ensolarados? Viver na solidão no outono e na primavera também?


Casas são casas. Tijolos, madeira e telhas. Estes tetos são feitos para abrigar solamente dias de sol forte e de mormaço.  E o jardim molhado? O cheiro do peixe, dos mariscos fritos? Só no verão? Você sabe que existem as tormentas, Punta Del Este!



 Desculpe-me. Vou-me embora. Tenho medo da falta de teto o ano inteiro. Preciso de chão também. Não é um porto seguro. Parto pela água que vim.



Ainda choro por ti, Argentina!


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