quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ushuaia I- Coração partido


Vou dividir, as histórias de Ushuaia em tópicos. Caso contrário, poderia ficar cansativo. É bom contemplar os muitos fatos e ficar, em estado de perplexidade, diante do que pode ter acontecido no passado e que poderão acontecer comigo no presente. É interessante correlacionar àquelas aventuras marítimas seculares com as facilidades dos transportes modernos e com as tecnologias, via satélite, do século XXI. Penetrar nesses mistérios que esta região oferece ao homem visitante é um desafio.
Mas, quero dizer que fiquei com o coração partido: entre o Chile e a Argentina. Ushuaia localiza-se na fantástica Ilha Grande de Tierra de Fuego. As duas terras fazem os limites com as belezas primitivas locais, levando-me à confusão de sentimentos pessoais e geográficos. Não sei como sairei daqui, pois só agora estou compreendendo o Chile em sua essência.


Estamos a 700 quilômetros da Península Antártica. Relembrando o globo terrestre: há uma queda, isto é, um achatamento nas extremidades dos pólos. Ah! Uma queda? Todos caem no chão. Porém, levantar-se deve ser um propósito.
Prosseguindo: estudei, em geografia, que a terra é esférica, contudo jamais pensei estar in loco. Algo inexplicável, tornando-se realidade. Quem foram os primeiros desbravadores?  Caçadores nômades vieram do norte a pé, há mais de onze mil anos, para a Patagônia Continental. Chegaram sem referências? Irresponsabilidade? Os resultados viriam com o tempo.
Ao passar pela cidade, ali estavam casas coloridas. Algumas evidenciavam as construções no estilo inglês, povos que chegaram bem mais tarde. Sempre há de uma parte vontade de dominar. Para os argentinos, a cidade começou a ser mais conhecida, no século XX, quando decidiram fazer o Presídio de Ushuaia que já pertenceu à Marinha e é hoje um museu.
Exibe-se, neste local, dentre outras curiosidades, a linha de ferro mais austral do mundo. Era o meio de transporte dos presos ao Parque Nacional Tierra del Fuego. Hoje este caminho férreo foi reativado. Reflexão evidente: prender no Fim del Mundo? Aqui é lugar de libertação. Por que os homens buscam dilacerar-se mesmo convivendo com a natureza virgem?
Tentava novamente compreender as ilhas independentes. Estavam ali impassíveis. Com muita simplicidade, mas com o privilégio de morar em frente ao mar, receber a brisa, alguns pássaros voando em bando, recpcionando as chuvas, aquecendo-se ao sol e colorindo-se com o arco-íris, que de vez em quando, teimava conferir o espaço patagônico. Penso serem visitantes ocasionais, sem fidelidade, mas representam a praticidade das convivências fluidas contemporâneas.

Como já devem ter observado, tenho curiosidade para saber a origem dos nomes. Ushuaia significa na linguagem dos índios locais, Yámanas, “a baía que penetra para o oeste”. Sim e eu ainda pensando: a Argentina e o Chile vizinhos de mãos dadas e frente a frente. Estou gostando de ti, Chile. Por que não?


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