Voltando à minha história. Ushuaia é uma cidade, no extremo sul da Argentina, a mais austral que se pode chegar por estradas. É um desafio contemplar tanta diversidade na natureza. Sabe-se que foi um cenário de prodigiosas aventuras e cobiçado pelas cortes européias. É a cidade do Fim del Mundo e a capital da ilha Tierra del Fuego, localizada no canal de Beagle.
O porto com águas profundas é a porta de entrada para a Antártida. Ao aprofundar o meu olhar, nas águas muito azuis, pensei que ali pudesse mergulhar os maus pressentimentos, as dores que penetram na alma, as decepções, as angústias dos dias de chuva ou das tormentas. Levantei a cabeça e vi a superfície da água azul-marinho. Fixei bem o meu olhar, para guardar os sentimentos mais sensíveis de minha alma.
Porém, perturbava-me ver tantas ilhas sozinhas. Por que lá no passado, não tentaram ficar juntas? Para que tanta solidão? Explicaram-me que houve um choque das placas tectônicas e assim, formou-se um arco de ilhas voltadas para o sudeste do continente. Ah! Bem!
Analisando por outro ângulo pensei: as ilhas são independentes. Porém, se uma precisar da outra, é só olhar para o lado e conversar. A voz deve ser levada facilmente pelo vento, porque aqui venta e, muitíssimo! O vento uiva prepotente, sem cerimônia jogando suas lamúrias no ar.
Aprofundando-me mais: esta região também é conhecida por “Deserto da Patagônia”. Não gosto do nome deserto. Só em alguns dias, quando preciso ficar sozinha para aquietar minha alma.
É muita história! Preciso falar mais sobre este arquipélago, com a ilha principal, que se chama Tierra Del Fuego. Este arquipélago também é separado do continente sul-americano pelo Estreito de Magalhães. Sobre ele, falarei depois.
Muita geografia! Tive de pesquisar no Google o que era um estreito: um canal de água que une dois mares (no nosso o caso, o Atlântico e o Pacífico) separando duas massas de terra. Em 1881, o território foi dividido entre a Argentina e o Chile. Eu não disse que era confuso?
O pior: estou dividida. Não me lembro mais aqui do tango? Não consigo sentir o lamento, a dança e os passos que tentam o encontro. Sinto apenas a liberdade na convivência e a simplicidade nas vestimentas da natureza. Totalmente despida de vaidades. É assim e nada mais. Sento-me atraída por este lugar e desejo conhecê-lo com mais intimidade.
O encontro entre os lagos, oceanos, montanhas e ilhas não é em um baile, mas é tudo a céu aberto com total transparência. A natureza penetra em meu corpo, naturalmente, atraindo-me mais pela liberdade, sem embates e dissimulações. Ushuaia, aos poucos, conquista-me pela espontaneidade e sutileza. É o aqui e o agora. O que fazer contigo, Argentina?
O pior: estou dividida. E o tango? O lamento, a dança e os passos que lutam por um encontro mais dramático que espontâneo. Sinto aqui a liberdade na convivência e a simplicidade nas vestimentas da natureza. Totalmente despida de vaidades. É assim e nada mais. Sento-me atraída por este lugar que desejo conhecer com mais intimidade.
O encontro entre os lagos, oceanos, montanhas e ilhas não é em um baile, mas um canto a céu aberto. A natureza vai penetrando, em meu corpo, naturalmente, atraindo-me pela liberdade, sem embates e dissimulações. Ushuaia, aos poucos, conquista-me pela sutileza. E o que fazer contigo, Argentina?
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