quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Lamento, Argentina!

                                                                     Catamarã


         Navegar agora no Canal de Beagle: um estreito que separa a Ilha Grande da Terra do Fogo de outras pequenas ilhas do arquipélago. O canal tem cerca de 240 km de comprimento e a largura mínima é de 5 km. Os dois países, Chile e Argentina, no decorrer da história, disputaram espaço.  Houve desentendimentos e acordos de paz. Normal entre extremos. Importante ainda: foi descoberto pela missão hidrográfica britânica, a mando de Robert Fitz Roy, em abril de 1830.
     Mas, foi no passeio de Catamarã, no Canal de Beagle, que tentei analisar atentamente os vizinhos. Como existe esta impactante natureza? A nitidez é absurda: um braço de mar que faz fronteira, entre as terras argentinas ao norte e as montanhas chilenas, na margem sul. Este cenário natural gera uma trilha de oportunidades de se apaixonar. Estou mesmo no Fin Del Mundo. Nada igual. Enfrentando a força do vento. Olhava para todos os lados, fazendo um ângulo de 360 graus. Nunca antes!


      Dos meus olhos, Visualizei terra, água, animais e ainda o gelo nos altos píncaros das montanhas. Chorei de emoção e entreguei-me aos dois braços estendidos para mim: Argentina e Chile. Não poderia ser diferente!


     Na Ilha dos Lobos, em um pequeno rochedo no canal, a vida compartilhada dos lobos-marinhos... Na pele, a predominância da cor marrom com cinza, dá um sentimento de singularidade ao local. Não há, entre eles, disputas e competitividades, diante da imensidão da água, em apenas uma porção de terra, que acolhe esses estranhos bichanos. 



    Reúnem-se organizadamente para o acasalamento a partir de outubro. Consegui visualizar uns filhotes. Bem ali. O rugido é angustiado. Pareceu-me a dor da reprodução. O barco não pode se aproximar tanto. Natureza respeitada, óbvio.



     Agora, os Pinguins Magalhães, em preto e branco, determinando a liberdade de também entrarem no canal. Obedecem ao ciclo: só entre a primavera e o fim do verão visitam este espaço, depois voltam ao Oceano Atlântico. Gosto desses rituais, com hora marcada coisa e tal. Olho-os e penso: não é o fim do mundo. É lugar para ficar e continuar. Tudo bem: Tierra del fuego, Fin del Mundo. Respeito!
    As ilhas? Mais de dezenas com vegetação verdejante. Olho para todos os lados. Para cima, para baixo. Como viver assim? Querer entender tudo ao mesmo tempo? Impossível! As nuvens lá no alto avisavam-me: a vida não é apenas beleza. Há tormentas. Sim, claro!


     As montanhas? Não podia contá-las! Com florestas aos seu pés e cobertas de neve, acima dos 100 metros de altitude, pareciam-me fantásticas demais para tomar uma atitude. Não é lugar para isto. É para contemplação!







                                    Vento forte, mar, montanha, gelo, céu azul e nuvens brancas.


      
    Olhando sua bandeira, em alto mar, chorei, mas não foi só por ti, Argentina. Desculpe-me. Está difícil para mim. Chile e Argentina lado a lado. Confronto... Ter de decidir... Muita emoção! Lamento!





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